[REVIEW] CLAIR OBSCUR: EXPEDITION 33 O JOGO DO ANO


Eu pretendia publicar essa análise no dia em que o jogo venceu o GOTY no TGA, mas, com o novo update, decidi jogar um pouco. Utilizei alguns saves que fiz em algumas partes do começo do jogo e acabei lutando contra alguns chefes opcionais que tinha deixado para trás. E, sinceramente? Eles me lembraram rápido demais do porquê eu os ignorei da primeira vez. A frustração de morrer repetidamente para um inimigo escondido em um canto esquecido do mapa é o que torna a vitória tão gratificante.

História: Um Conto de Desespero e Urgência

A história é dramaticamente urgente e cativante. O mundo é assolado pela Pintora (Paintless), uma entidade que, a cada ano, apaga a existência de todas as pessoas com uma idade específica, começando pelos 33 anos e diminuindo progressivamente. Seguimos Gustave e sua Expedition 33, que são forçados a embarcar em uma missão suicida para deter essa entidade depois que entes queridos (como Sophie, no caso de Gustave) são apagados. É uma corrida contra o tempo e o sacrifício pessoal desde o inicio do jogo. Essa urgência e a tensão constante contrastam fortemente com a beleza inebriante do cenário, criando um pano de fundo emocionalmente rico. A trama rapidamente revela reviravoltas, fisgando o jogador desde a primeira hora de jogo.

Finais (Spoilers)

Final da Maelle: Maelle consegue o que queria, criando um mundo onde todos parecem felizes, incluindo Gustave e Sophie. No entanto, o tom do final sugere que Maelle está perdendo a sanidade. Eu considero uma Bad Ending porque aquele mundo é uma ilusão corrompida. 

Final do Verso: Conforme o desejo de Verso, a sua ''tela'' (o mundo fictício) é apagada. Maelle (Alicia) e a sua família precisam enfrentar a dor no mundo real para seguir em frente. Embora triste (pois personagens queridas como Lune e Monoco desaparecem com o mundo da pintura), enxergo como uma Good Ending pois vejo como o final mais esperançoso, agridoce e realista, focando na aceitação da perda e na coragem de encarar o mundo real.


Gráfico e Som: A Beleza da Belle Époque


A maior força do jogo é sua Direção de Arte. O mundo é inspirado na Art Nouveau francesa e na Belle Époque, e é executado com maestria. O que garante fidelidade gráfica de ponta (comparável a títulos como FFXVI). As cores são ricas e os cenários são definidos por curvas orgânicas, padrões florais e arquiteturas que remetem ao movimento artístico. A iluminação elaborada e o contraste de cores contribuem para a beleza do jogo, fazendo com que o simples ato de caminhar pelo mapa seja uma experiência fascinante. A ausência de mini-mapa ou UI excessiva (como guias de direção) na tela foca o jogador totalmente na exploração do ambiente, reforçando a sensação de estar em um território desconhecido e perigoso. A trilha sonora é orquestral, épica e melancólica, casando perfeitamente com o tom da narrativa.


Jogabilidade: A Fusão Turn-Based e Ação Soulslike

O sistema de combate é Turn-Based (Batalha por Turno), semelhantes a clássicos como Dragon Quest ou Final Fantasy, onde você escolhe as ações dos personagens. 


A originalidade reside na inclusão de elementos de ação QTE (Quick Time Event) e Soulslike agressivos. Em todas as suas ações (Ataque e Habilidades), é necessário pressionar o botão no momento exato para maximizar o dano ou algum outro efeito (similar ao que se via em Final Fantasy VIII ou Super Mario RPG). Isso exige concentração constante e evita que o combate se torne repetitivo. Mais crucial ainda é a defesa. Quando um inimigo ataca, o jogador deve pressionar o botão de Evasão ou Parry (Defesa Perfeita) no timing certo. Acertar o timing anula completamente o dano, independentemente da força do ataque, introduzindo um alto nível de skill no gênero. O gerenciamento de builds e a combinação de habilidades continuam sendo vitais, mas a execução em tempo real garante que cada turno seja envolvente.


Pontos Positivos:
  • Direção de Arte Inovadora: A estética Art Nouveau é única e incrivelmente bem executada, elevando o jogo visualmente.
  • Combate Envolvente: O sistema de QTE/Ritmo/Parry injeta nova vida no combate de turnos, exigindo concentração constante.
  • Narrativa Forte: A premissa de desespero e a ameaça iminente criam uma tensão narrativa constante e poderosa.
Pontos Negativos:
  • Exigência de QTE: A necessidade constante de QTE pode ser frustrante ou cansativa para jogadores que preferem a abordagem puramente estratégica e pausada dos RPGs de turno.

Resumo: GOTY 2025

Clair Obscur: Expedition 33 merece seu título de GOTY. É um jogo que não apenas desafia a habilidade do jogador, mas o envolve em um mundo de beleza melancólica e tristeza profunda, onde cada vitória parece arrancada das mãos do destino.


NOTA FINAL: 10/10

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